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Empresários admitem que as candidaturas aos fundos comunitários não são fáceis, mas concordam com o nível de exigência. Pedem é mais celeridade.

Não faltam vozes críticas ao nível de exigência do novo quadro comunitário de apoio, mas a verdade é que o número de candidaturas tem superado todas as expectativas. E são os próprios empresários a reconhecer que o acesso ao Portugal 2020 é “restritivo e limitativo”, mas que tem de ser assim, Ou como diz Luís Abrantes, da Movecho, “o caminho tem de ser por aqui porque, em tempo de globalização, cabe a estes incentivos promover a excelência”.

Com 26 anos de história, a Movecho investiu, na última década, qualquer coisa como 13 milhões de euros. “Passamos por vários quadros comunitários de apoio e a nossa é a melhor das experiências. Todos os projetos que submetemos foram aprovados, cumprimos todos os objetivos, recebemos os prémios máximos, a nossa história é a melhor desse ponto de vista”, contou Luís Abrantes, CEO da Movecho. Qual o segredo? “Não avançamos para n um projeto de investimento sem termos, pelo menos, 50% de capital próprio garantido. Por vezes somos acusados de sermos conservadores, mas dormimos com outra tranquilidade”, frisa.

Bem distinta é a experiência de Filipe Simões, da Frueat. A empresa é recente e, por isso, esta é a sua primeira candidatura a fundos comunitários. E a experiência não está a ser a melhor. “Fizemos uma candidatura ao PDR 2020, tutelado pelo Ministério da Agricultura, e estamos há 10 meses à espera de resposta”, explica o empresário. A empresa tem três anos e a candidatura é “fundamental para assegurar o crescimento internacional do projeto”.

A fábrica já está construída e a enviar “snacks de fruta portuguesa para os quatro cantos do mundo”, incluindo o Japão, os Emirados Árabes Unidos e Espanha, onde conta já com mais de dois mil pontos de venda. Mas Filipe Simões lamenta a falta de celeridade e de visão de médio e longo prazo que a falta de resposta lhe traz. “O outro dia ganhei um cliente em Espanha porque um concorrente meu que o fornecia há ano e meio falhou, num mês, três entregas. O mundo dos negócios, hoje, decide-se ao segundo”, frisa.

Mas porque acredita no negócio e no projeto, avançou: “Acreditamos que somos competitivos. Ainda agora conquistamos um negócio de 700 lojas no Japão a competir com chineses. E ganhamos nós. Se estivéssemos à espera de resposta não teríamos ganho nada disto”. Francisco Pereira, Senior Manager da EY, reconhece que o acesso aos incentivos é complexo, e que muito disso se deve à dificuldade dos promotores em entenderem como se enquadram os diversos projetos nas diferentes tipologias dos apoios. Mas não só. “Há um salto qualitativo e é preciso olhar de uma forma profissional para a questão do financiamento através dos incentivos”, defende. Designadamente apresentando “projeções financeiras robustas” e projetos alinhados com a estratégia da empresa.

E se é verdade que conseguir chegar, com sucesso, a uma candidatura aprovada é difícil, “muito mais difícil é, depois, garantir a boa execução do projeto. Porquê? “Porque há muitos projetos que falham, porque há montantes contratualizados que, pura e simplesmente, não vão ser utilizados. Ou por razões de mercado ou por pequenos pormenores a que as empresas não têm atenção durante a execução do projeto e depois não cumprem”.

Fonte: Dinheiro Vivo