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Os empréstimos bonificados para a reabilitação de prédios para arrendar estão a ter pouca procura. Motivo: os senhorios preferem ir para o alojamento turístico em vez do arrendamento habitacional, escreve o Público.

Desde o ano passado que o Estado disponibilizou uma linha de crédito bonificado para quem quiser reabilitar prédios para, de seguida os colocar no mercado de arrendamento. Contudo, um ano depois, nem 25% das verbas disponíveis foram usadas, porque os donos de imóveis preferem colocar as casas no alojamento local, destinado a turistas.

Segundo as estatísticas divulgadas esta quarta-feira pelo jornal Público, o Reabilitar para Arrendar apoiou até agora 77 projectos, com 12,2 milhões de euros de financiamento. Trata-se de um valor reduzido, sobretudo face aos 50 milhões de euros que estavam disponíveis no programa.

Vítor Reis, presidente do IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), explica ao Público que o programa até chegou a esgotar logo no primeiro mês de lançamento. Só que, depois, vários projectos ficaram pelo caminho.

A principal causa para o sucedido é o alojamento local. O programa público financia até 90% do custo das obras, a taxas de juro bonificadas, a quem queira reabilitar prédios para os colocar no mercado de arrendamento de seguida. Só que o arrendamento tem de ser habitacional.

Como o alojamento local está a garantir mais retornos, beneficiando inclusivamente de um empurrão da fiscalidade, os proprietários acabaram por desistir do programa.

Vítor Reis, presidente do IHRU reconhece ao Público que "se não fosse a pressão do alojamento local, teríamos seguramente muitos mais projectos". Apesar disso, o balanço é positivo, diz o responsável, adiantando que as candidaturas já aprovadas vão colocar no mercado 219 habitações.

O arrendamento a turistas é uma modalidade em grande expansão, que está a fazer aumentar os custos do imobiliário nos grandes centros urbanos e a escassear a oferta de casas para arrendar. A situação é controversa, vem gerando críticas e alertas de diversos quadrantes.

Tal como o Negócios já avançou, o Governo está a avaliar o regime fiscal concedido a estes senhorios, que, nalguns casos se revela bem mais favorável do que o arrendamento habitacional.

Fonte: Jornal de Negócios