Notícias

Portugal continua a atrair investidores externos e a percepção de risco não piorou com o novo Governo, tendo já mais de 2.000 milhões de euros de projectos de investimento estrangeiro no 'pipeline' para três anos, após ter mais do que duplicado para 1.700 milhões de euros em 2015", diz o presidente da AICEP Miguel Frasquilho.

O líder da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal está "optimista" acerca das exportações, que voltaram a bater um recorde em 2015, pois Portugal está a contornar a queda a pique dos relevantes mercados de Angola e do Brasil, com o sucesso da diversificação para outros destinos, como os EUA, diz o responsável à Reuters.

Alguns analistas têm dito que o facto do Governo socialista, empossado em Novembro, ser apoiado pelos euro-cépticos Partido Comunista Português e Bloco de Esquerda levaria ao aumento do risco político e a uma retracção do investimento estrangeiro.

Contudo, o presidente da AICEP, que angaria investimento externo produtivo e nunca investimento financeiro, discorda e frisou: "não tenho notado nada isso".

"Portugal continua claramente no 'radar' dos investidores. A recuperação que o país fez nos últimos anos é amplamente reconhecida e Portugal é visto hoje como um país confiável, credível", disse Miguel Frasquilho em entrevista à Reuters.

Adiantou que, apesar dos números finais de 2015 não estarem totalmente fechados, "o volume de investimento produtivo angariado através da AICEP ascende a cerca de 1.700 milhões", contra os 814 milhões de 2014.

"2015 foi um ano francamente positivo. Estes 1.700 milhões permitiram criar mais de 5.000 postos de trabalho e manter cerca de 30.000 postos de trabalho", referiu o presidente da AICEP.

"Estamos já com um 'pipeline' bastante forte, superior a 2.000 milhões, para os próximos três anos", acrescentou.

"Os sectores onde temos sentido mais interesse dos investidores, sem nenhuma ordem especial, são: aeronáutica, sector automóvel, moda, tecnologias, pasta de papel e papel, centros de serviços partilhados que são multi-sectoriais, metalomecânica, indústrias capital intensivo. É muito variado".

Frisou a importância do "Portugal 2020 que, ao contrário dos anteriores Quadros Comunitários de Apoio, é muito virado para a inovação, empreendedorismo, internacionalização, Research & Development (R&D) e a criação de emprego".

Através destes cinco fundos europeus estruturais e de investimento o país vai receber 25.000 milhões até àquele ano.

Lembrou que, só durante uma ou duas semanas em Fevereiro, aquando das negociações sobre o Orçamento de Estado (OE) para 2016, é que a trajectória das taxas da dívida soberana reflectiu uma "percepção mais arriscada por parte dos investidores".

"A partir do momento em que foi alcançado o acordo com Bruxelas, as taxas tornaram a cair. Temos de ver como é a execução orçamental, mas o facto do OE2016 prever um défice de 2,2% do PIB, que será o mais baixo da história da nossa Democracia, é um excelente sinal para os investidores".

"Aliás, o Governo socialista está comprometido com os Tratados europeus, com o Tratado Orçamental, com esta trajectória de descida do défice e com as orientações de Bruxelas", afirmou o presidente da AICEP.

Miguel Frasquilho lembrou que "em 2015, em termos de valor, foi o melhor ano de sempre das exportações de bens e serviços de Portugal, ou seja mais de 72.000 milhões, um crescimento de 5,2 pct em termos reais", e está confiante que se manterão a crescer.

Apesar das exportações para os cruciais mercados angolano e brasileiro terem caído, respectivamente, 27 pct e 12 pct em 2015, o mercado dos EUA cresceu mais de 13 pct.

"Estou optimista", disse, acerca das exportações para 2016, que o Governo estima cresçam 4,3 pct.

"Estamos a conseguir diversificar as exportações. O exemplo dos EUA em 2015 é extraordinário. O nosso nível de exportações para os EUA mais do que duplicou no espaço de cinco anos", afirmou o presidente da AICEP.

Fonte: Portugal Global