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- terça, 01 março 2016
Até Janeiro tinham sido pagos às empresas 38 milhões de euros de incentivos, 0,5% dos fundos potenciais a que estas deveriam ter acesso. O tema do financiamento da economia portuguesa - tão presente durante os anos vividos da ‘troika’ em Portugal - volta a estar na ordem do dia.
Segundo dados apresentados pela EY, na conferência realizada no Porto, organizada pela consultora em parceria com o Diário Económico, no final de Janeiro deste ano tinham sido pagos às empresas nacionais apenas cerca de 38 milhões de euros de incentivos do Portugal 2020 segundo informação da Secretaria de Estado do Desenvolvimento e Coesão, qualquer coisa como 0,5% dos fundos potenciais de que as empresas deveriam ter acesso.
A informação foi avançada por Francisco Hamilton Pereira, tax senior manager da consultora EY que adiantou que “o financiamento às empresas portuguesas, através do Portugal 2020, está excessivamente burocratizado o que leva a que os fundos não estejam a chegar aos agentes económicos”.
“Foi criado um monstro”, referiu aquele responsável.
O tema do financiamento é aliás bastante caro dos empresários nacionais que vão dando mostras de alguma insatisfação pela forma demorada e até atabalhoada de como o dinheiro chega à economia. Aliás, Daniel Bessa, economista , e ex-ministro da economia de António Guterres, teve oportunidade de se referir, durante a conferência da EY em parceria com o Diário Económico, as dificuldades de que a banca atravessa, sobretudo quando o objectivo é fazer entrar dinheiro nas empresas.
Francisco Hamilton Pereira refere que “se assumirmos que os fundos do programa Portugal 2020 possam atingir os oito mil milhões de euros, então poderemos concluir que, passados cerca de dois anos do período de programa, foram efectuados pagamentos às empresas de cerca de 0,5% dos fundos potenciais a que as mesmas deveriam ter acesso”.
A culpa, garante o responsável da EY, é do sistema que “foi sendo construído com vários intervenientes”, o que por um lado confere maior segurança na atribuição de incentivos, mas por outro torna o “processo excessivamente pesado”. “Os vários intervenientes aumentam o tempo no processo de obtenção dos fundos, desde a candidatura até ao efectivo pagamento dos valores de incentivos”.
A consultora alerta para a necessidade de “agilizar os procedimentos” de modo a que os fundos possam chegar a quem lhes dá um fim mais produtivo- as empresas. Segundo os dados da consultora na execução mensal dos principais sistemas de incentivos do Portugal 2020, foi atingido um valor de pagamentos de cerca de 10 milhões de euros, no final de Dezembro de 2015, direccionados sobretudo para as pequenas e médias empresas.
Hamilton Pereira recorda que vivemos num contexto de extrema incerteza que afectam as condições estruturais de desenvolvimento da economia portuguesa e que podem condicionar o acesso a financiamento, devido à queda do preço do petróleo, ao abrandamento do crescimento na China. E ainda à crise nas dívidas soberanas em países emergentes, ao crescimento insipiente nos países ocidentais, ao “brexit”, mas que ainda assim as empresas nacionais beneficiam de acesso a incentivos financeiro com origem em fundos europeus até 2020 que não podem ser descurados.
Para Hamilton Pereira o país deveria agilizar “os mecanismos de controlo para garantir uma execução mais célere do sistema de incentivos, sobretudo atendendo a que o país tem uma taxa de desemprego jovem qualificado na ordem dos 30%”.
Fonte: Económico